O agronegócio no Brasil está em franco crescimento. Parte disso se deve ao incremento da produção de soja, que em 2020 deve superar os EUA, e assim assumir a posição de maior produtor do mundo, além de ser responsável pela maior exportação de carne bovina.

Apesar de todas as dificuldades atuais, devido à crise provocada pela pandemia do coronavírus, o agronegócio brasileiro vem batendo recordes de produção e exportação. De acordo com o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira, o agronegócio será o setor que sairá da crise com mais oportunidades.

Para saber quais são as perspectivas do agronegócio no Brasil nos próximos anos, continue a leitura e conheça as tendências para o futuro e, é claro, entenda como a tecnologia vai impactar o segmento!

Importância do agronegócio para a economia brasileira

O agronegócio é um dos principais setores da economia. Atualmente, o setor representa 21% do PIB nacional, mas a expectativa é que esse número cresça nos anos futuros. Além da produção para consumo interno, o país é um dos maiores exportadores de uma série de alimentos — que vão do café ao açúcar — e também é um dos líderes na produção de carne bovina e de frango.

Números do agronegócio nacional

Mais do que as condições ideais para a agricultura, pecuária e outras atividades relacionadas, o Brasil é um dos polos de conhecimento científico no segmento. Para se ter uma ideia, nos últimos 30 anos, o país teve um crescimento de 334% na produção de grãos — no mesmo período, a área plantada aumentou somente 71%. Ou seja, o Brasil aprendeu a fazer mais com menos, o que o tornou uma referência mundial.

Além da grande contribuição para o PIB nacional, o agronegócio é responsável por 20% dos empregos gerados no país. Pode-se dizer, inclusive, que o agro é o ramo que suporta a economia brasileira, especialmente nos últimos anos, em um cenário de recessão — seguido de uma lenta recuperação interrompida pela pandemia do novo coronavírus —, já que os demais setores têm apresentado resultados deficitários.

Em 2019, foram US$ 96,8 bilhões de vendas externas do agronegócio, o que representou 43,2% do total de exportações brasileiras no período. O número indica um crescimento na participação do setor no comércio exterior em relação a 2018, que apresentou um resultado de 42,3%.

Parceiros importantes

A China é um dos principais parceiros do agronegócio brasileiro. O país asiático comprou 26,8% da carne bovina produzida no país em 2019, consolidando-se como o principal importador de gado nacional.

Além disso, a China é o maior comprador de soja no mundo. Nos próximos anos, o país será destino de 85% das exportações brasileiras. Segundo a Estimativa de Safra, da Aprosoja Brasil, dos 120 milhões de toneladas de soja que o Brasil deve produzir em 2020, 66 milhões de toneladas serão para os chineses.

Esses números reforçam a importância da parceria comercial entre os dois países, além de demonstrar um cenário positivo para o mercado de grãos, mesmo em meio à pandemia. Além da China, territórios como Hong Kong, Macau, Estados Unidos, Países Baixos, Argentina e Japão são outros dos parceiros comerciais essenciais para o agronegócio e para a economia brasileira como um todo.

Manutenção da produção em tempos de crise

De tempos em tempos, podem impactar a economia as crises localizadas em países tradicionalmente importadores de produtos brasileiros ou até questões globais, como a ameaça do coronavírus. O agronegócio, no entanto, é um setor tão forte no Brasil, que consegue se sobressair mesmo quando o cenário não é o mais favorável.

Para exemplificar, no primeiro trimestre de 2020, o setor cresceu 0,6% no país, em comparação com os últimos três meses de 2019. Aliás, foi o único segmento da economia que teve algum tipo de sucesso no período. Se o comparativo for feito com o mesmo intervalo de tempo do ano anterior, o crescimento foi ainda maior, de 1,9%.

Embora a pandemia ainda não houvesse afetado significativamente a economia no primeiro trimestre do ano — considerando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) só declarou a epidemia em escala global em 11 de março de 2020 —, os números são representativos. Basta ver o desempenho dos demais setores.

É claro que uma série de fatores influenciam os índices do agronegócio. O clima precisa ser favorável em cada região, de acordo com as necessidades da cultura. A logística deve ser adequada para que os alimentos cheguem aos compradores, independentemente do ponto do planeta onde eles estejam. E, por fim, o câmbio tem de ser favorável para que os resultados econômicos sejam adequados.

Desafios para a produção agrícola no Brasil

Apesar dos resultados positivos, a produção agrícola no Brasil é um desafio constante a quem atua na área. Há variáveis incontroláveis, como o clima, o câmbio e até eventuais sanções que podem ser aplicadas por questões sanitárias, para as quais nem sempre é possível estar 100% preparado.

A seguir, apresentamos os principais desafios para o setor nos próximos anos.

Mercado de alto risco

O agronegócio é composto de uma série de riscos. Dentre os principais, pode-se destacar os seguintes:

  • riscos operacionais — falhas em processos, sejam no plantio, colheita, sejam nos cuidados com animais;
  • riscos agronômicos — eventos climáticos, infestações, pragas e outros agentes que podem prejudicar os resultados;
  • riscos de mercado — variação de preços (que pode ocorrer com base na oferta e na demanda no cenário internacional), taxas de câmbio (alta e baixa do dólar) e de juros no financiamento da produção são alguns exemplos mercadológicos;
  • riscos financeiros — incapacidade de pagamento de dívidas, com consequentes impactos na produção e operação agrícola;
  • riscos institucionais — aqui, incluem-se questões relacionadas às políticas implementadas pelos governos, podendo ser de ordem econômica, sanitária, fiscal ou ambiental.

Considerando esses cinco tipos de risco, podemos dizer que o Brasil pode ter problemas referentes a, pelo menos, quatro deles a curto prazo: os riscos agronômicos, de mercado, financeiros e institucionais são desafios constantes dos produtores no país. Os riscos operacionais também podem ocorrer, mas em menor escala e, quase sempre, como consequência de dificuldades climáticas.

Alta de custos X produtividade

A alta de custos em muitas culturas é explicada pela variação cambial — que é influenciada por fatores diversos, como os mercadológicos, políticos ou sanitários. Isso tem um impacto na produtividade do setor. Apenas em 2020, os custos de produção do agronegócio aumentaram 1,83% em função da flutuação da taxa de câmbio.

Da mesma forma, as variações climáticas influenciam o quanto se consegue produzir e, até mesmo, a qualidade dos alimentos. Em períodos de estiagem prolongada, é natural que a produtividade caia e os preços aumentem — até porque os custos de produção também se elevam, com um maior esforço despendido pelos agricultores para salvar a lavoura.

Na região Sul do Brasil, a estiagem impactou diversos setores do agronegócio em 2020, como a produção de arroz, milho, soja e leite, entre outros. Estima-se que os prejuízos alcancem R$ 3 bilhões. Em abril, o Ministério da Agricultura anunciou medidas de socorro ao estado, com o objetivo de minimizar as perdas.

Exportação

Apesar das dificuldades climáticas em algumas regiões, da alta de custos em função do câmbio e da pandemia, as exportações continuam fortes no agronegócio brasileiro. Em maio de 2020, o saldo comercial ficou 32% acima do mesmo período de 2019. Entre janeiro e abril de 2020, foram US$ 31,4 bilhões em alimentos exportados, recorde para o primeiro quadrimestre.

De acordo com o Informativo DEAGRO de maio de 2020, divulgado pela FIESP, o recorde anterior de exportação para abril veio em 2013. Na ocasião, as exportações foram de US$ 9,65 bilhões, tendo alcançado a marca de US$ 10,22 bilhões em 2020.

Com a pandemia, a demanda pela soja brasileira aumentou no mercado internacional, promovendo uma antecipação das exportações do produto. Isso explica, em parte, o aumento das vendas externas do agronegócio no período. Os demais produtos da balança comercial tiveram queda de 27,1%, com destaque negativo para o milho (-96,2%), couro (-42,4%) e celulose (-29,8%).

Agricultura familiar

Uma das características do agronegócio brasileiro é que a agricultura familiar compõe quase 85% do segmento, porém, esses pequenos produtores dispõem de apenas 25% da área disponível para a atividade.

As grandes indústrias, com mais capacidade técnica de produzir alimentos em quantidades maiores, ocupam os 75% de áreas restantes e levam a maior fatia do Plano Safra — crédito oferecido pelo Governo Federal para a produção agropecuária nacional.

Apesar disso, os números demonstram como a agricultura familiar é importante para o agronegócio nacional. Com todas as dificuldades, é dos minifúndios que vêm alguns dos resultados mais representativos. Veja a porcentagem da produção realizada pela agricultura familiar de alguns dos alimentos mais consumidos no Brasil e no mundo:

  • 87% da mandioca;
  • 70% do feijão;
  • 60% do leite;
  • 59% da carne suína;
  • 50% da carne de frango.

Principais produtos do agronegócio brasileiro

O Brasil é um dos líderes de exportação em diversas culturas. A seguir, destacamos os principais produtos da agricultura e pecuária no país. Continue acompanhando!

Soja

O Brasil é o segundo maior produtor — e o maior exportador — de soja no mundo, ficando apenas atrás dos Estados Unidos na quantidade de grãos colhidos a cada ano. Especialmente em 2020, a soja alavancou os resultados do agronegócio brasileiro.

Carne bovina

O Brasil exporta carne bovina para mais de 150 países, sendo um dos grandes players do mercado mundial. A tecnologia avançada na criação de animais levou o país a alcançar um patamar de destaque global, não apenas pela quantidade, como também pela qualidade do produto.

Milho

A produção de milho é constante no Brasil, mas os resultados variam. Em 2019, o país passou por um crescimento estrondoso e foi o maior produtor de grãos no mundo, com quase 45 milhões de toneladas — superando seu concorrente mais tradicional, os Estados Unidos. No entanto, em 2020 a queda foi brusca, devido à estiagem e à redução da área plantada.

Leite

A agricultura familiar apresenta um papel fundamental na cadeia do leite brasileiro. Embora a produção tenha aumentado em mais de quatro vezes nos últimos 45 anos, a produtividade ainda é um desafio para o agronegócio nacional.

Frango

Assim como a carne bovina é um dos principais responsáveis por alavancar as exportações do agronegócio brasileiro, o frango é outro produto com o qual o país tem posição de destaque no mercado global. O Brasil é líder em exportações e o terceiro maior produtor mundial. O mercado interno também é muito forte — de acordo com informações da Embrapa, cada brasileiro consome 43 kg de carne de frango anualmente.

Cana-de-açúcar

Nada menos que 40% da produção sucroenergética mundial ocorre no Brasil. Na safra 2018/2019, foram mais de 625 milhões de toneladas, com uma produção que ocorre de Norte a Sul do país. O destaque, no entanto, fica para o estado de São Paulo, com 55% da área destinada a esse cultivo, além da região Nordeste.

Suínos

Embora o país não alcance níveis de produção iguais aos de carne bovina e de frango, a carne suína também é um dos pontos fortes do agronegócio brasileiro. O país é o quarto produtor e exportador mundial desta que é a proteína animal mais consumida globalmente.

Algodão

O Brasil também é um dos top 5 produtores de algodão, categoria em que divide os holofotes com China, Estados Unidos, Índia e Paquistão. O desafio é equilibrar o produto para exportação com a forte demanda do mercado interno.

Café

O país lidera mundialmente a produção e a exportação de café, com os mercados da Europa, Ásia e América do Norte sendo os maiores compradores. Ainda assim, o Brasil também consome o produto em larga escala, isso o torna o segundo maior mercado no mundo.

Desafio dos produtores

Apesar de o Brasil liderar diversos setores do agronegócio, há uma série de desafios para os produtores em todo o país. Confira os principais:

  • controle de custos — todo negócio precisa ter lucratividade. Encontrar as melhores tecnologias para ajudar a controlar os custos, levando em conta todas as variáveis do mercado, é essencial;
  • tornar o negócio sustentável — é preciso, ainda, levar em conta não apenas a lucratividade, mas também os outros elementos que compõem o tripé da sustentabilidade: o meio ambiente e a comunidade;
  • mão de obra — ter profissionais qualificados para realizar o trabalho é, cada vez mais, um diferencial dos produtores mais bem-sucedidos do mercado;
  • acompanhamento de dados — a tecnologia pode auxiliar na visualização e extração de informações que se tornam estratégicas e decisivas para um bom resultado.

Tendências no agronegócio para os próximos anos

Em fevereiro de 2020, a revista Forbes listou 10 tendências e tecnologias para o agronegócio na nova década. A seguir, vamos destacar alguns dos pontos mais relevantes para os produtores brasileiros.

As mudanças climáticas ameaçam o futuro da agricultura

A agricultura é um componente nas emissões de carbono e metano. O uso de várias tecnologias combinadas pode ajudar não apenas a capturar esses gases, mas a impedir que eles sejam gerados.

A pecuária precisa de melhor monitoramento

É esperado um crescimento da edição de genes para vacinas, com o objetivo de enfrentar desafios como a contaminação de animais com vírus. O aumento do uso de sistemas de monitoramento de gado, baseados em inteligência artificial, também é uma tendência — especialmente levando-se em conta a perda de suínos em 2019, em função da febre na África e, é claro, das consequências do novo coronavírus.

O modelo tradicional de supermercados está morrendo

A pressão sobre os varejistas de alimentos para se adaptarem às novas gerações, que têm expectativas diferentes para com seus fornecedores de alimentos, continuará a impulsionar a fragmentação e a inovação. O crescimento nos pedidos via aplicativos, as entregas por drone e a inovação constante no espaço de varejo de alimentos são os próximos passos.

O Brasil é a estufa do mundo

Também de acordo com a Forbes, o crescimento do agronegócio brasileiro tem demonstrado sinais de ser inabalável, com o domínio do comércio global de soja, milho, café e outros produtos mais. No entanto, muito ainda pode ser feito.

Como a tecnologia está ajudando os produtores

A tecnologia deve ser uma grande aliada dos produtores para transformar as tendências em realidade, de forma que promova a sustentabilidade e traga benefícios para todos. Veja exemplos do que se convencionou chamar de tecnologia 4.0 para o agronegócio:

  • fazendas monitoradas e automatizadas — o emprego de tecnologias que ajudem a monitorar a produção, gerar dados relevantes e estratégicos, bem como a automação de processos para ganho de eficiência — mesmo na agricultura familiar — deve se tornar uma realidade no maior número de propriedades possível;
  • melhoramento genético — com conhecimentos científicos aliados à biotecnologia, é possível garantir a qualidade mais alta do cultivo de plantas ou da criação de animais;
  • armazenamento — o uso da tecnologia também tem potencial para impactar a qualidade do armazenamento de alimentos e trazer uma evolução para a gestão de estoques;
  • logística — com aplicativos de rastreio, localização e transporte, torna-se possível melhorar a logística de entrega dos produtos, inclusive para mercados estrangeiros.

Ao longo do texto, procuramos trazer um panorama do agronegócio no Brasil, falando das principais características e tendências do segmento no país, além de sua importância como fornecedor de alimentos para todo o mundo.

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